A startup de IA Mechanize visa substituir todos os cargos profissionais

A startup de IA Mechanize declarou um objetivo controverso: automatizar todas as funções profissionais, começando pelos desenvolvedores de software, passando pelos professores e estendendo-se a advogados e cuidadores.

“Nosso objetivo é automatizar completamente o trabalho”, disse o cofundador Tamay Besiroglu, 29 anos. “Queremos chegar a uma economia totalmente automatizada, e fazer isso acontecer o mais rápido possível”, conforme relatado em uma entrevista para o The New York Times.

A startup Mechanize surgiu em 2024 através da colaboração de Besiroglu, Ege Erdil e Matthew Barnett, que anteriormente trabalhavam na Epoch AI.

O Times relata que a startup recebeu apoio financeiro de Patrick Collison da Stripe e Jeff Dean da Google, entre outros líderes proeminentes da indústria de tecnologia. A empresa mantém parcerias com grandes organizações de IA, mas mantém seus nomes em sigilo.

A Mechanize desenvolve ambientes de treinamento através do aprendizado por reforço para ensinar sistemas de IA, permitindo que eles aprendam através de tentativa e erro em simulações digitais, como uma simulação digital da mesa de um engenheiro de software. “É basicamente como criar um videogame muito chato”, disse Besiroglu ao The Times.

A Mechanize acredita que seu sistema pode eventualmente lidar com quase todas as responsabilidades que uma pessoa desempenha em um computador. “Só saberemos verdadeiramente que tivemos sucesso quando criarmos sistemas de IA capazes de assumir quase todas as responsabilidades que um humano poderia desempenhar em um computador”, escreveu a empresa em uma postagem de blog.

Mas críticos e especialistas levantam preocupações éticas. O que acontece com os trabalhadores? A sociedade estará preparada para uma perda massiva de empregos?

Barnett, que se descreve como libertário, acredita que a compensação vale a pena: “Se a sociedade como um todo se tornar muito mais rica, então acho que isso supera as desvantagens das pessoas perderem seus empregos.”

Os fundadores da Mechanize estimam que a automação total do trabalho pode levar de 10 a 30 anos. Mas críticos questionam se a sociedade está preparada. Ainda assim, a empresa não apresenta nenhuma estratégia específica para apoiar os trabalhadores que perdem seus empregos, exceto por meio de discussões gerais sobre renda básica universal.

Alguns críticos argumentam que essa mudança representa sérios riscos para os trabalhadores e a economia em geral. Segundo Yanis Varoufakis, grandes plataformas tecnológicas extraem consideráveis “servos da nuvem” dos usuários e empresas, reduzindo o dinheiro total em circulação na economia.

Como Varoufakis explica em uma entrevista para o The Verge, essa extração limita o investimento e, finalmente, leva a menos empregos de qualidade. Pequenas empresas e desenvolvedores de aplicativos, por exemplo, devem pagar taxas significativas para plataformas dominantes como Apple ou Amazon, o que pode minar sua capacidade de crescer e competir de forma independente.

Varoufakis explica que o sistema depende de conteúdo de usuário não remunerado para criar valor para essas empresas, o que intensifica a diferença econômica entre os proprietários de plataformas e a população em geral.

Varoufakis argumenta que o poder econômico concentrado entre os “lords” digitais ameaça agravar as perdas de empregos e a turbulência econômica, ao mesmo tempo em que diminui o controle público sobre os recursos econômicos. Essas tendências econômicas provavelmente persistirão sem medidas regulatórias adequadas, que ameaçam tanto a estabilidade da renda dos trabalhadores quanto a saúde econômica.

Mechanize demonstra o estado atual do Vale do Silício, onde a automação passou de um conceito futuro para um processo ativo que continua a acelerar.