A China Oferece ao Sul Global um Papel na Promoção da Governança em IA

A China pediu a criação de um novo órgão internacional de cooperação em IA, alertando que a tecnologia corre o risco de se tornar monopolizada por um número restrito de players poderosos.

A China propôs a criação de uma nova organização internacional para promover a cooperação global em IA através de uma governança inclusiva e desenvolvimento de código aberto. A Reuters destaca como este anúncio surge apenas dias depois de os EUA anunciarem seus planos de expandir sua dominação em IA.

Na Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC) em Xangai, o primeiro-ministro Li Qiang alertou que o desenvolvimento da IA corre o risco de se tornar um domínio privilegiado para um número limitado de nações e corporações, a menos que sejam implementados regulamentos adequados e mecanismos de compartilhamento.

“Apenas mantendo a abertura, compartilhamento e acesso equitativo à IA podemos garantir que mais países e comunidades se beneficiem de seus avanços”, disse Li, conforme relatado por SCMP.

A organização proposta, que poderia ter sede em Xangai, visa abordar o que Li chamou de estado “fragmentado” da governança global de IA atual. O Vice-Ministro das Relações Exteriores Chinês, Ma Zhaoxu, informou que mais de trinta nações, incluindo Rússia, Alemanha, Coréia do Sul e África do Sul, participaram das discussões sobre essa iniciativa.

SCMP relata que o governo chinês publicou um plano estratégico de 13 pontos, que enfatiza parcerias com nações do Sul Global. O plano de ação proposto promove atividades conjuntas de pesquisa, junto com iniciativas de educação em IA e desenvolvimento de dados de treinamento de alta qualidade.

“Devemos aprimorar a coordenação e o alinhamento para estabelecer um quadro de governança global amplamente aceito para a IA o mais breve possível”, instou Li, conforme relatado pelo SCMP.

O anúncio da China ocorreu pouco depois de Donald Trump apresentar sua estratégia de IA de baixa regulamentação, que visa aprimorar as exportações dos EUA e reduzir o que sua administração chama de modelos de IA “woke”, como observado pelo The Guardian.

“Os dois campos agora estão sendo formados”, disse George Chen, do Asia Group, conforme relatado pela CNBC. “A China claramente quer seguir a abordagem multilateral enquanto os EUA querem construir seu próprio campo”, acrescentou.

A China mantém sua inovação em semicondutores através do desenvolvimento de tecnologia doméstica, apesar das restrições de exportação dos EUA em chips avançados de IA, e o CEO da Nvidia, Jensen Huang, mostra admiração por esses esforços.

À medida que a corrida tecnológica global se intensifica, a IA surge como o mais recente campo de batalha entre as duas maiores economias do mundo.